Ida à praia

Conto de uma criança de setenta anos

Prólogo: A raposa disse “Os rituais são indispensáveis.”

O sítio onde eu moro tem uma praia maravilhosa; é quase toda de areia muito fina, nove quilómetros de comprimento, cerca de dez metros de largura.

Não fica longe da minha casa e vou a pé.

Para mim, ir à praia é um ritual entre a realidade e o sonho. Esta coisa tem uma estreita correlação com o mágico, agradavelmente mágico. Todas as ocasiões que me preparo para caminhar na praia, pergunto-me se também desta vez, vai repetir-se a mesma experiência.

Normalmente vou vestir-me, pego num livro, no telefone e no meu chapéu de palha branca. Agarro também numa toalha de banho e os meus chinelos de praia.

Um sonho real para crianças: é isso o que me acontece todas as vezes!

Quando chego e sento-me na areia, de repente, tudo muda.

Ouço uma voz dizendo:

– Marcolino (Marcolinho), cuidado com as ondas. Agora, eu venho para jogar com a areia, espera por mim!

Viro-me para a voz e vejo a minha mãe levantar-se da toalha de banho, onde está também o meu pai e o meu irmão. Eles dirigem-se para junto de mim.

Sorrindo, minha mãe pergunta:

– Jogamos?

No meu sim, nós jogamos! Tudo desaparece e só o meu sorriso permanece.

Título: Ida à praia

Categoria do artigo: Porto Santo

Autora: Marco Banti

Escola Básica do 1.º Ciclo com PE e Creche do Porto Santo