A língua que eu prefiro

A língua que eu prefiro é o espanhol. É a que mais interiorizei (cheguei a sonhar em espanhol); corresponde, para mim, a uma época muito feliz e de liberdade.

Comecei a aprendê-la na rua, quando ia de boleia para “España”.

Depois, noutra época, mais adulta, estudei-a na escola.

Gosto muito do som e da cadência.

Na minha opinião, é uma língua muito expressiva e sintética; mais certa quando comparada com o italiano, minha língua materna, que é mais prolixo.

É uma língua que me deu alegria e carinho. E entusiasmos… A alegria mais na Espanha, o carinho na América Central.

Acho que cheguei a falar muito bem o espanhol porque gostava muito e tive muita compenetração, se assim se pode dizer.

Apesar de estar aqui em Portugal desde há muitos anos, ainda não sei falar bem o português, ainda me resulta um pouco estranho, distante, afastado.

Para mim o espanhol é uma língua alegre e cheia de vida. É uma língua natural e espontânea, que me abre o coração.

Eu vivi em Barcelona no ano 1981-2 durante nove meses, quando tinha 31 anos.

Naquela altura, poucos anos depois de Franco desaparecer, as pessoas estavam cheias de vitalidade, entusiasmo, com muita vontade de fazer coisas.

Com a liberdade recém-conquistada, chegou também a alegria e a criatividade. As pessoas procuravam maneiras diferentes para viver: nas Ramblas, artesãos criavam verdadeiras obras de arte com alegria, vivendo naquela comunidade de rua, partilhando ideias, sentimentos…

Surgiram os melhores filmes de Almodóvar; o teatro também estava cheio de fermentos: obras novas, ideias novas. E na literatura também.

Toda a gente estava na rua, com companheirismo, alegremente.

Será por tudo isto que fiquei enamorada de Espanha, do povo espanhol e do seu idioma.

Título: A língua que eu prefiro

Categoria do artigo: texto de aluno

Autora: Chiara Giovannini

Escola Básica e Secundária com PE e Creche Prof. Dr. Francisco Freitas Branco