Visita de Estudo ao Forno da Cal

A luz do forno de cal pode ter-se apagado no início do século XXI, após ter brilhado durante cerca de 160 anos, mas o brilho nos olhos do sr. Cândido ganha vida ao contar as histórias da ligação da sua família à indústria da cal aqui no Porto Santo.

A cal está intrinsecamente ligada à história do povo porto-santense.  O trabalho era tão duro não só no Ilhéu da Cal ou de Baixo, mas também nos fornos da cal que laboravam dia e noite, sem parar. Como testemunhas silenciosas, as casas dos mineiros, em ruínas, no ilhéu, vigiam as galerias de onde o calcário era extraído.

Foi uma vida tão árdua! O físico dos trabalhadores rivalizava com os atletas olímpicos mais conscienciosos e aplicados.

Antes do advento das ferramentas motorizadas e mecânicas, todo o trabalho era feito à mão, apenas animais e barcos eram usados ​​para transportar a pedra e o produto acabado até à traiçoeira Travessa entre o Porto Santo e a Madeira. A rota marítima e o material para a chama eram controlados pela família Blandy, na época.

O calcário era colocado no forno e alternado com camadas de carvão mineral (de preferência, pois era mais rentável) importado da Inglaterra ou madeira. Ficava em combustão durante 2 ou 4 dias ou mais, dependendo da qualidade do calcário. Após esta cozedura a pedra era retirada e espalhada pelo chão. Era a chamada “cal morta”. Aplicava-se água por cima destas pedras calcárias, transformando-as em “cal viva”.

Os fornos faziam parte do quotidiano dos porto-santenses, juntamente com a fábrica de conservas. As crianças, como o nosso coordenador sr. Élvio Sousa nos confidenciou, brincavam ao lado do forno, enquanto este cozinhava lenta e delicadamente o calcário para formar o precioso pó branco de cal usado para revestir as casas por dentro e por fora de uma forma natural, formando uma camada respirável perfeita para o nosso ambiente subtropical, mantendo as casas quentes no inverno e frescas no verão. Era como um climatizador natural, alega o sr. Cândido.

O calcário foi sucessivamente substituído por outros materiais de construção nos tempos mais modernos. Contudo, continua a ser um recurso natural útil para edifícios históricos e desinfeção, mas agora não é economicamente viável a sua produção.

Concluindo, o património industrial do Porto Santo é um tesouro desta ilha. É uma história de trabalho árduo, de determinação e às vezes de perda de vidas, que deve ser ouvida em alto e bom som, antes que as pessoas com ligações que lhe estão associadas não consigam mais contá-la…

Mantenhamos a chama acesa para não esquecermos os sacrifícios de quem trabalhou incansavelmente na produção de cal nesta pequena ilha do Atlântico.

Texto escrito por: Amanda Jayne Underwood

Na segunda-feira passada a minha turma visitou o Forno da Cal do sr. Cândido Pereira localizado no Campo de Baixo. O sr. Cândido restaurou um dos poucos fornos da cal que ainda restam no Porto Santo. Ele explicou que estes fornos têm origem árabe e que o processo de produção da cal era uma indústria importante para os porto-santenses porque gerava empregos que não dependiam da agricultura. Um dos usos da cal era na construção civil. A cal era de qualidade superior e era exportada para a Madeira.

Alguns pormenores sobre o processo de produção da cal:

  • o calcário era extraído por mineiros no Ilhéu da Cal e em algumas zonas do Porto Santo;
  • o calcário era transportado com a ajuda de carros de bois, desde os lugares onde era extraído até aos 17 fornos que existiam na ilha. O calcário que vinha do ilhéu era transportado em pequenos barcos até à praia onde a carga era descarregada e transportada para os fornos.
  • o forno da cal é uma torre com uma grande bacia forrada de tijolos refratários com grelha no fundo. A pedra para revestir os fornos era extraída da zona dos Morenos.
  • o forno era carregado com camadas alternadas de carvão e calcário.
  • o carvão queimava e o calor gerado transformava, a pedra calcária em cal.

O processo durava 2-4 dias. A queima era monitorizada constantemente por uma equipa de trabalhadores. Quando o calcário já estava cozido, a mistura de cinzas e cal era descarregada pelo fundo do forno e espalhada.

A mistura era separada usando uma peneira grande.

A cal era ensacada e transportada para a praia onde era embarcada num carreireiro para o Caniçal.

As tarefas eram realizadas manualmente com a ajuda de animais. Todo o processo era muito perigoso. Os trabalhadores tinham pouca proteção e o forno estava muito quente. Com o passar dos anos, a cal mais barata foi disponibilizada em outros lugares e a produção da cal no Porto Santo cessou. Felizmente, o sr. Cândido teve a sabedoria de restaurar esta memória de outrora.

Texto escrito por: Kenneth Taylor

Estivemos recentemente numa visita guiada ao forno da cal, cujo proprietário é o sr. Cândido Pereira.

Este forno da cal esteve em funcionamento industrial no Porto Santo durante várias gerações e foi o último a cessar funções. O seu avô e o seu pai trabalharam nesta atividade durante várias décadas. O sr. Cândido Pereira é um homem muito conhecido no Porto Santo, já foi até deputado na Assembleia Regional, presidente da Casa do Povo e tornou-se conhecido como um cidadão extremamente prestável.

O forno em causa situa-se na propriedade do sr. Pereira, na Rua do Forno da Cal e tem um aspeto ligeiramente diferente de outros edifícios semelhantes. Está equipado com uma rampa de carga e um pavilhão anexo para o acondicionamento e recolha da cal depois de queimada em pedaços de calcário. Este calcário era extraído num ilhéu perto da Calheta, conhecida como o Ilhéu da Cal e também em algumas zonas da ilha do Porto Santo.

Era toda uma indústria e uma fonte de rendimento muito importante para muitos dos habitantes do Porto Santo. Diz-se que os trabalhadores das minas se alimentavam essencialmente de bolo de caco e, segundo a lenda, faziam o melhor bolo de caco do mundo.

O sr. Pereira é muito simpático e contou-nos muitas histórias. E apesar de, como a maioria dos habitantes nativos, falar depressa, conseguimos entendê-lo sem tradução para outras línguas.

Mostraram-nos o forno por cima e por baixo, e explicaram-nos toda a tecnologia de cozedura do calcário, transformando-o em cal viva.

O sr. Pereira referiu, em especial, a dificuldade de abastecimento de carvão mineral, que era importado e custava várias vezes mais do que no continente.

É interessante notar que o trabalho de extração e transformação do calcário era extremamente duro e, como o sr. Pereira referiu, os homens envolvidos neste trabalho eram extremamente fortes, musculados e sem gordura… Agora seria útil que muita gente trabalhasse assim.

A visita durou pouco mais de uma hora, pudemos fazer perguntas e no final pudemos tirar fotografias em conjunto.

Penso que sair da escola para aprender o português e conhecer melhor o nosso Porto Santo é muito educativo, como se pode ver pelo nível de compreensão e pelo vocabulário cada vez mais rico de todos os grupos estrangeiros do nosso ciclo de aprendizagem.

Ao todo, éramos cerca de uma dezena de pessoas. Obviamente que estávamos acompanhados da nossa querida professora Margarida Vasconcelos e do nosso coordenador como “guarda-costas” da professora.

Texto escrito por: Arcadiusz Radołsaw

A nossa visita ao Forno da Cal do sr. Cândido Pereira no dia 29 de maio foi muito interessante. Primeiro, ele descreveu a importância da produção da cal para o Porto Santo. Ficámos a saber que este forno trabalhou até 2003.

De cima, pudemos ver a profundidade do forno e, mais tarde, fomos até perto da saída do forno e o sr. Pereira explicou a produção da cal desde o início. O trabalho era muito intensivo e perigoso, sem proteção física. Neste forno trabalhavam cerca de 7 a 9 pessoas e por vezes, vinham mais homens, que trabalhavam na agricultura, pedir para fazerem algumas horas e receberam algum dinheiro extra.

A nossa professora, Margarida Vasconcelos e o coordenador da Escola Básica, Élvio Sousa, conjuntamente, contribuíram muito para a visita pois a professora Margarida tomava e acrescentava algumas notas e fazia perguntas e o professor Élvio traduzia muito bem para os alunos que não entenderam tudo. Uma boa experiência!

Texto escrito por: Judith Taylor

Título: Visita de estudo ao Forno da Cal

Autores: Formandos e docente da Turma do Ensino Recorrente

Escola Básica e Secundária com PE e Creche Prof. Dr. Francisco Freitas Branco