Visita aos Muros de Croché
No dia 2 de maio, a turma do Ensino Recorrente da EBS c/ PE e Creche Prof. Dr. Francisco de Freitas Branco – Porto Santo realizou uma visita guiada e/ou interpretação às explorações agrícolas – Muros de Croché, mais precisamente às vinhas do Sr. Humberto Oliveira. Esta atividade inseriu-se no âmbito do Festival das Reservas da Biosfera Portuguesas a convite da Câmara Municipal do Porto Santo.
Estes muros são construídos para proteção da cultura da vinha e, em tempos remotos, também serviam para separar os terrenos pertencentes a diversos proprietários nas encostas montanhosas da ilha e impedir a passagem do gado de uma propriedade para outra.
São construídos através do empilhamento de pedras com diferentes tamanhos e funções. O tipo de pedra usado não tem a ver com o muro em si mesmo, mas com o material disponível nos terrenos porto-santenses, pois esta construção servia também para limpar as pedras espalhadas nos terrenos e tornar o solo mais arável à força de braços.
As pedras da base são mais largas e maiores e são enterradas parcialmente no solo para suster o muro e servir de suporte para outras pedras um pouco mais pequenas.
À medida que o muro cresce, são amontoadas pedras de menor tamanho, sucessivamente, deixando alguns espaços entre elas de modo a permitir boas condições de temperatura e arejamento às videiras e consequentemente às uvas, tornando-as muito doces e com uma coloração fantástica e ao subsequente produto final- o divinal e de alto teor alcoólico vinho do Porto Santo!
A forma como as pedras assentam umas nas outras tem de ser muito bem pensada para que o muro fique seguro.
Os muros que rodeiam a parte exterior da plantação de videira, são um pouco mais altos do que aqueles que separam as divisões interiores da propriedade.
O tipo de solo, o modo como se cultiva, a maturação natural, o clima e este tipo de muros pelas suas caraterísticas muito bem arquitetadas dão um sabor único às uvas e ao vinho do Porto Santo impossível de conseguir noutras partes do mundo mesmo que se produzam as mesmas castas.
É também impossível ficar indiferente perante a paixão e a dedicação do sr. Humberto por estas vinhas…
Nota-se um brilho especial nos seus olhos quando fala deste trabalho hercúleo e as suas mãos também falam da dureza do mesmo que é todo feito sem maquinaria. É somente a força humana que, aliada à natureza, faz brotar os lindos cachos que nos deliciam e adoçam o nosso palato.
Nós depreendemos das suas palavras que deveriam existir mais apoios a este tipo de atividade ancestral feita de modo tradicional e maior valorização deste tipo de construção, pois além de ser um elemento identitário da cultura porto-santense é um ex-libris da paisagem da ilha!
Companheiras das videiras, coabitam harmoniosamente nestes campos, outras plantas, especialmente árvores de fruto: figueiras, amoreiras, romãzeiras e até um marmeleiro.
Todos os elementos do grupo prestaram imensa atenção às explicações do nosso anfitrião que nos fez o favor de falar muito pausadamente, visto que a maioria do grupo não é de nacionalidade portuguesa.
O sr. Humberto Oliveira lançou um desafio à senhora gestora da Reserva da Biosfera: a criação da rota do vinho do Porto Santo.
Os turistas que nos visitam gostam de conhecer e adoram participar naquilo que é verdadeiro, daquilo que é genuinamente do povo porto-santense. Os forasteiros gostam de conhecer a verdadeira essência dos lugares que visitam! Não será esse o caminho do futuro, aquele que nos distinguirá dos restantes locais turísticos espalhados pelo mundo?!
Fica aqui expresso o seu e o nosso desejo e que as gerações vindouras possam desfrutar destas pequenas grandes maravilhas!
No final, fomos presenteados com um excelente vinho, com maravilhosas rosquilhas típicas da ilha e com um lindo e útil saco de pano.
Agradecemos a todos os envolvidos a oportunidade que nos foi dada para conhecer mais este tesouro porto-santense!
Título: Visita de estudo aos Muros de Croché
Autores: Professora e formandos da turma do Ensino recorrente
Escola Básica e Secundária com PE e Creche Prof. Dr. Francisco Freitas Branco