SER MULHER
Como tributo à comemoração do Dia Internacional das Mulheres, dia 8 de março, os formandos do Ensino Recorrente da EB1 PE e Creche Eng. Luís Santos Costa expressaram um sentir em relação à sua condição humana, assinalando uma vivencia num passado com relação imediata com o presente.
Como mulher…
Eu vim de uma família numerosa e tinha a minha avó materna que sempre me dizia: “não saias de casa sem avisar a mãe!”.
Durante a minha juventude gostava muito de ir para o calhau para fazer-me dona de um barco que tinha dado à costa.
Avisava, constantemente, os meus irmãos para não dizerem à mãe.
Infelizmente foram contar.
Então convidei-os a entrar a bordo do barco. Assim, aproveitei para jogar, um de cada vez, para o mar.
Devido a isso partiram o braço.
Chorei de medo da minha mãe. Uma mulher muito amada por mim. Recordo-a com muitas saudades. A minha glória.
O tempo passou.
Tenho imensas saudades da minha infância que foi saudável apesar de sermos muito pobres.
Havia muitos risos.
E o sonho de ser cozinheira, onde em pequena cozia pedras e dizia serem batatas.
Mas hoje, como mulher crescida, ainda não sei cozinhar.
Rosário Alves
Como mulher…
Desde muito nova brincava e trabalhava numa família de oito pessoas.
Com o passar do tempo a minha mãe ensinou-me a bordar, a cozinhar, a lavar, a passar a ferro e a arrumar a casa.
Com a ida para a escola sempre tive um desejo para ser enfermeira.
Como a vida era muito difícil estudei até à quarta classe, com muita pena minha.
Mas, mesmo assim, fui muito feliz com todo o pouco que se tinha, pois ao meu lado estava uma grande mulher, que ainda hoje é a luz que me ilumina: A minha mãe, a minha rainha.
Vitorina Vasconcelos
Para a mãe…
Era duma família pequena e amável.
Desde novo ia para a escola e para a catequese porque os meus pais mandavam.
Da minha mãe recordo-me que se zangava comigo porque eu não gostava da escola.
Era sua função como chefe de família pois o meu pai era pescador e passava muito tempo fora de casa.
Pelos ensinamentos guardo no coração a grande mulher que é a minha mãe.
Carlos Paulino Silva
Sou mulher…
Sou de uma família numerosa e o meu berço fez parte da minha educação.
Como mulher fui pau de toda a obra.
Na adolescência, durante a minha juventude, nasci com o 25 de abril, no tempo de lutas e de causas.
Como mulher aspirava estudar mais para ser uma mulher do mundo. Para lutar no parlamento, como deputada.
No entanto, tenho muito orgulho na pessoa que sou. Pelas mulheres quero continuar a lutar.
Josefina Melim
Como mulher
Recordo-me de nascer numa família numerosa onde desde cedo aprendi a fazer a vida de casa, a lavar, a cozinhar e a fazer de tudo um pouco.
Com o passar do tempo ia ajudar no campo a plantar semilhas, feijão e couves, etc.
Na adolescência adorava cuidar das minhas sobrinhas. Brincava com elas e levava-as à praia e a passear.
O meu grande sonho era ter tido oportunidade de ter estudado para ser educadora de infância.
Porém, como mulher mais crescida, também sempre quis ser mãe.
Maria José Freire
Como mulher
Desde pequenina que tenho em mente viver numa família humilde, carinhosa e muito respeitada por todos.
Desde cedo sentia-me feliz porque tinha um ensino saudável.
Ia à missa e até fui catequista das crianças do nosso sítio.
Desta forma, dávamos passeios pelas outras freguesias.
Fui para a escola, bem cedo de sacola. Mas, não tive sorte pois tinha uma professora má que dava pancada. Fui humilhada pelas colegas e pela professora pois pegavam numa mão de ortigas, para me darem nas pernas, e um vime. Marcou-me pela vida e nunca mais me esqueci.
Passei a não gostar da escola e senti grande pena por não aprender aquilo que gostava.
Tornei-me dona de casa, mas o meu sonho era ser investigadora.
Depois de uma certa idade vim concretizar o meu sonho. Sinto-me como se tivesse 7 anos e não o contrário, 70.
Miquelina Marques
Sou mulher…
Gosto de ser mulher
Gosto de sentir-me mulher
Gosto das mulheres da minha vida
A todas quero dar um forte desejo de felicidades
Viva as mulheres!
Gostaria de ter feito
O que no mundo não fiz
Ter dado mais de mim
Mas sinto-me muito feliz
Com os meus 46 anos
Sou dona do meu nariz
Renata Franco
Sou mulher…
Nasci de uma família Hoje é o Dia da Mulher
Pobre e humilde Tenho de arrebitar
Mas tinha bom coração Por ainda estar aqui
O meu pai e a minha mãe A vida vai continuar
Sempre me deram educação
Foi crescendo esta menina Gostaria de ter feito
Muito amada e estimada O que no mundo não fiz
Começou a trabalhar Foi ter dado mais de mim
Para o sustento da casa Mas sinto-me muito feliz
Com os meus 80 anos
Sou dona do meu nariz
O trabalho era importante
Para nos alimentar
Desde muita nova Júlia Ribeiro
Comecei a trabalhar
Fui assim crescendo
Com uma enxada e foice na mão
A escola foi muito pouca
Era nova e atrevida
Mas tinha bom coração
Sou grande mulher
Para lutar e trabalhar
Agora já estou cansada
Só me resta descansar
Mas eu tive educação
EB1 PE e Creche Eng. Luís Santos Costa (Ribeira Seca)