Preciosas lições dos provérbios
Sabendo que os provérbios transmitem conhecimentos comuns sobre a vida, criados pelos antepassados e utilizados no quotidiano, os formandos do Ensino Recorrente do anexo 1, da EB1 PE e Creche Eng. Luís Santos Costa, descreveram o significado expresso pelos seus familiares ao utilizarem, em diversas situações, alguns dos ditos populares.
A sabedoria popular assume, desta forma, um novo significado ao mostrar, através de um argumento, o sentido lógico subjacente nos provérbios ouvidos pelos seus familiares.
Os textos elaborados pelos formandos tentam explicar as preciosas lições que os orientaram em diferentes contextos, fazendo com que a validade dos provérbios permaneça valiosa
A galinha da vizinha é melhor do que a minha Dia sim, dia não Ia a roupa lavar Também ia à serra Mato e lenha buscar Desejava chegar a casa Com a fome que trazia E comer pouco havia Mas o jantar ainda estava para fazer Ia à frente buscar água Para a minha vizinha Quando regressava a casa A minha mãe chamava Para vir comer Respondia que já tinha jantado Na casa da vizinha E ela me exclamava Pois é…a galinha da vizinha É melhor que a minha! Com isto Queria ela dizer Que o comer da vizinha É sempre mais saboroso Do que aquele que é feito em casa Mas nem por isso é mais gostoso Vitorina Vasconcelos
Cada um colhe o que semeou
Já diziam os nossos avôs que tudo o que se semeia na terra como o trigo, centeio, batata, feijão, ervilha, tomate, abóbora e favas são para a nossa alimentação.
Mas, também, era comentado que não era só o que se semeava na terra que se colhia. Também se colhia os bens espirituais, fazendo boas ações.
Por vezes, o meu avô afirmava que quem fizesse e ajudasse os outros o bem iria colher, no entanto, quem fizesse o mal também recolheria o que semeou.
Por isso, vamos semear e colher uma boa colheita nesta vida de maneira a se alcançar todo o bem que merecemos, por tudo aquilo que de útil fazemos.
Mais vale pão duro que figo maduro. Quando era pequena Ao chegar da escola Fome devia ter E a mãe dizia: P`ra uma fatia de pão comer Mas logo eu falava Pão duro custa roer Melhor mastigar uma fava A mãe arreliada respondia Mais vale pão duro Que figo maduro Pois não amasso todo o dia Com isto queria dizer Que mais valia Ter pão duro todo o dia P´ra comer Que uma vez ao ano Figo maduro haver Vitorina Vasconcelos
Pão e figos é merenda de amigos
Estavam os amigos a correr, numa brincadeira, bastante animada
quando algum chamou por eles.
Está na hora de merendar!
Então, o que vamos comer? – perguntaram os meninos.
De repente, alguém teve a ideia de fazer uma merenda com pão e figos.
Todos gostaram da ideia e foram buscar pão a casa e apanhar figos.
Fizeram uma grande festança entre amigos.
Com isto recordo que os meus amigos, quando se juntavam faziam
uma merenda com o pão que os pais coziam e com os figos brancos e pretos que
apanhávamos das nossas figueiras.
Por isso, é que sempre ouvi dizer que pão e figos é merenda de amigos.
Porque não havia dinheiro para comprar outro tipo de comida.
Ficávamos tão radiantes por convivermos com aquilo que se tinha das nossas terras.
Quem dá o pão dá a educação Durante toda a vida O meu pai sempre dizia Que quem dá o pão A educação daria Reunidos em família No canto da nossa cozinha A mãe repetia Não havendo educação Não pode haver alegria Nem sabedoria E no seio da família Todo o bem se queria Os pães na mesa colocavam As graças a Deus se davam E assim se educava em comunhão Na mesa de cada dia Passados tantos anos Este ensinamento Aos meus filhos dei Que quem o sustento dá O ensino deve cultivar Para mais tarde Outros educa Miquelina Marques
Na casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão
Eu tinha uma tia com seis filhinhos. Ela ia diariamente cavar um cestinho de batatas para o almoço.
Depois de cozidas, deitava-as num paninho no chão e cada um dos filhos, sentados à roda, tiravam uma batatinha. Porém, a batata era pouca para se alimentarem e tudo ficava em alvoroço.
O marido, ao chegar começava a dar socos na cabeça da mulher porque não havia batatas para comer.
Para casa ia a correr. Ao meu pai contava que a tia estava a chorar porque as batatas eram poucachinhas e nada mais tinha para oferecer.
Logo, um cesto de batatas mandava juntar para lhe levar e ter algo para cozer.
Tinham, assim, algo para matar a fome e para não se arreliar.
Por fim, o meu pai tentava me acalmar e dizia “Na casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão”.
Ensino Recorrente do anexo 1, da EB1 PE e Creche Eng. Luís Santos Costa